A Uber decidiu ignorar a solicitação dos prefeitos das cidades do Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) para seguir oferecendo o serviço de mototáxi. A plataforma lançou o transporte de passageiros por motocicleta ontem (5) nas duas maiores capitais do país, o que desagradou os chefes dos executivos municipais.
- Prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro querem barrar Uber Moto
- Uber Moto é lançado no Rio de Janeiro e em São Paulo
As ameaças parecem ter ficado apenas no campo burocrático, pois o serviço está plenamente funcional e pode ser solicitado pelo aplicativo original. O passageiro pode escolher as corridas tradicionais no Uber Black, as mais baratas no Uber X ou as econômicas no Uber Moto.
Em algumas localidades pode ser mais difícil fazer corridas porque a quantidade de mototaxistas ainda está reduzida. Por outro lado, as viagens de motocicleta podem custar até 25% a menos do que uma de carro, o que é um atrativo importante para o serviço.
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Mesmo assim, é possível simular viagens e fazer solicitações em diversos bairros da capital paulistana e na carioca. No Rio, o serviço já estava operacional em Niterói, São Gonçalo, Belford Roxo, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Macaé, Petrópolis, Resende e Volta Redonda.
A Uber garantiu ter feito estudos por dois anos sobre a aceitação do recurso em várias cidades. “Percebemos que, além dos deslocamentos rotineiros, existe um uso constante de chegada e partida de estações e terminais de ônibus, trens e metrô, comprovando que é um produto que também complementa o deslocamento de usuários que utilizam a malha pública de transportes”, explicou a diretora de marketing do aplicativo, Luciana Ceccato, em nota enviada ao jornal Extra.
Entenda a confusão do Moto Uber
No fim da tarde de ontem, a empresa divulgou uma nota informando que não interromperia o serviço, pois está respaldada pela legislação federal. A empresa garantiu que a Política Nacional de Mobilidade Urbana não faz distinção quanto ao tipo de veículo quando trata sobre o transporte de passageiros.
Na tarde da quinta-feira, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, pediu a suspensão imediata do serviço. Segundo ele, não existe uma regulamentação que possibilite a realização do transporte com segurança. Após a repercussão negativa, retrocedeu e disse que não pretende proibir nada, mas sim compreender como será a "dinâmica" da operação.
Nem tentem por aqui @Uber_Brasil https://t.co/RWGsj1JHUN
— Eduardo Paes (@eduardopaes) January 5, 2023
Já no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes usou o perfil nas redes sociais para mandar o recardo: "Nem tentem por aqui". A afirmação desaforada foi respondida por milhares de cariocas revoltados com a decisão. Muitos acusavam o político de prejudicar os mais pobres em favor dos empresários do setor de transporte.
A Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro divulgou uma nota oficial dizendo que adotará as medidas cabíveis para o Uber Moto não vingar na cidade. Segundo órgão, a empresa teria lançado um serviço que "só visa ao lucro", sem nenhuma preocupação com trabalhadores ou contrapartida aos órgãos públicos.
Motociclistas ainda têm dúvidas
O jornal Extra consultou alguns motoboys no Rio de Janeiro para saber o que eles estavam achando do Uber Moto. A maioria se mostrou um tanto quanto cético quanto à prestação do serviço por conta da instabilidade atual e, principalmente, pelas altas taxas cobradas.
Alguns especialistas criticam a adoção do modelo de mototáxi por causa da insegurança. As motos são o meio de transporte com maior incidência de acidentes em São Paulo e no Rio de Janeiro, por isso um serviço prestado por aplicativo poderia trazer transtornos para o trânsito.
Além disso, a regra da Uber obriga que o passageiro use seu próprio capacete, o que pode ser um problema. Quem for usuário ocasional do serviço estaria disposto a pagar para ter um equipamento de segurança para usar eventualmente?
O que parece ter irritado os políticos é o fato de o lançamento ter feito sem conhecimento prévio dos mandatários, que não puderam capitalizar politicamente sobre a novidade. Por enquanto, não está claro qual será o futuro do Uber Moto nas duas capitais brasileiras — e essa briga parece longe de terminar.
Leia a matéria no Canaltech.
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